O que trava a logística brasileira?
Maior compromisso do governo, acelerar investimentos e desburocratizar processos são algumas das soluções
Alta carga tributária, excesso de burocracia, falta de infraestrutura – ou de acesso à infraestrutura existente. Ao mesmo tempo, a rapidez com que cresce o setor traz para a logística brasileira a necessidade de mudanças na mesma velocidade. Portos mais preparados, rodovias mais bem pavimentadas, uso mais amplo do modal aquaviário, calados mais profundos e mais terminais, entre outros milhares de adequações que o setor precisa realizar, até que pare de esbarrar no problema de sempre: a ineficiência da infraestrutura logística, que traz altos custos e dificuldades ao transporte de cargas.
Na opinião de Wilen Manteli, diretor-presidente da ABTP (Associação Brasileira de Terminais Portuários), de fato, esses são fatores que travam a logística brasileira, porém ele destaca: “Historicamente, o maior entrave dos nossos portos são a governança da atividade portuária e a estrutura burocrática”.
Para ele, no Brasil, tantos são os órgãos públicos que interferem na atividade portuária que isso gera insegurança jurídica para aqueles que investem no setor. “Somada a isso, a excessiva burocracia nas operações de importação e exportação resulta num tempo improdutivo nos terminais, que é caríssimo”, disse, acrescentando ainda que, nos últimos meses, foi possível ver um grave recrudescimento da intervenção do Estado nas atividades econômicas.
Pensando na ineficiência do transporte de cargas no Brasil, nos gargalos e na necessidade de investimentos tanto públicos como privados nos diversos segmentos, Manteli descreve a situação da infraestrutura portuária brasileira hoje: “destaco os importantes investimentos privados na infra e superestrutura em terminais privados e arrendados – tanto em instalações de terra, equipamentos, cais e até acessos terrestres e aquaviários. O problema centra-se nos investimentos que dependem do governo, notadamente nos acessos aos portos em terra e na água, especialmente no aprofundamento dos canais para permitir a entrada e saída de grandes navios e na manutenção dos aprofundamentos. Portos competitivos dependem de águas profundas. Neste último caso, o governo está andando de lado”, finaliza.
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