Para Brasil crescer logística portuária precisa superar desafios
Apesar de alguns avanços “estamos muito distantes de uma situação ideal no que diz respeito à infraestrutura portuária”, disse Peterson Pais
Um dos grandes desafios no Brasil, a logística brasileira enfrenta ainda um caminho longo até chegar a um patamar completo para o que podemos chamar de “logística eficiente”. “Sem infraestrutura eficiente para movimentação de mercadorias não existe a possibilidade de crescimento econômico sustentável. A logística portuária, por exemplo, tem sido uma grande barreira para realizar negócios em função da enorme burocracia que representa”, aponta Peterson Pais, gerente de Marketing da Accesstage.
De acordo com ele, apesar dos avanços obtidos com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nesse setor, “estamos muito distantes de uma situação ideal no que diz respeito à infraestrutura portuária”. Ressaltando que a saída mais objetiva é a ampliação das PPPs (Parcerias Público-Privadas) ou uma opção mais radical: a privatização de alguns portos brasileiros. “A alta intervenção do Estado tem causado um excesso de regulação e burocracia no setor, o que atrasa a evolução. Fazendo uma comparação com o mercado de telefonia, é como se os portos estivessem vivendo a era do orelhão. Sabemos o quanto o mercado de Telecom evoluiu após a privatização – hoje, 100% do território é coberto por mais de um player de telefonia e em breve atingiremos a marca de dois celulares ativos por habitante”, disse.
Para ele, resolvendo a dificuldade da infraestrutura portuária – com melhorarias nos acessos, dragagens, construção de berços e construção de cais, por exemplo – ainda será preciso atuar em uma outra questão muito importante: o escoamento da produção até o porto melhorado. “Praticamente não temos ferrovias e as rodovias, salvo em alguns estados, não atendem a essa necessidade”.
Dados do Banco Mundial indicam que um container leva 13 dias para ser exportado no País. Para ter uma ideia, este mesmo ranking coloca Cingapura em primeiro lugar, onde o processo leva apenas um dia. “E sabemos, quanto mais tempo uma carga fica parada no porto, mais custos e perda de competitividade para todos os envolvidos. A demanda por agilidade nestes procedimentos é evidente”, apontou.
Para Pais a realidade é que as diversas informações sobre as cargas precisam ser discriminadas, compartilhadas e entregues aos diferentes órgãos e instituições envolvidos no processo. “Antes de todas as partes estarem cientes dos dados, nada é liberado. A burocracia alfandegária se torna um entrave pois reflete diretamente no prazo de entrega das mercadorias”.
Para que a mudança aconteça ele salienta a necessidade da descentralização do controle, de geração de metas por produtividade e simplificação de processos. “O porto tem que ser encarado como uma empresa, ou seja, tem processos, pessoas e produto. No caso, o produto é a atracação e despacho da carga e do navio com a maior agilidade possível. Se não for assim, continuaremos nas últimas posições do ranking quando comparado com outros países”.
Ações
Lançado pelo Governo Federal com o objetivo de eliminar os gargalos de infraestrutura, um conjunto de medidas devem resultar em investimentos de R$ 54 bi no setor portuário até 2017. No entanto, ressalta Pais, as empresas não podem ficar paradas. “Paralelo a isso, elas precisam tomar algumas iniciativas para colaborar com a melhora do processo”.
Para começar a solucionar esses desafios, o executivo destaca a necessidade do desembaraço aduaneiro começar assim que o navio desatracar do porto. “Vale antecipar todos os procedimentos para a liberação da carga, assim, antes mesmo de o navio atracar, todos os arquivos com o reconhecimento da mercadoria já estarão com as instituições responsáveis. O EDI (Eletronic Data Interchange) é uma ótima alternativa”.
Outra ação que agilizaria o processo segundo ele, seria passar a troca dos documentos para o meio eletrônico, “que agiliza de forma considerável todo o processo de liberação de carga no porto”. Mais do que isso, Pais ressalta que a ação assegura que todos os órgãos envolvidos receberão a mesma informação já que os processos manuais estão suscetíveis a falhas humanas. “Automatizar todos os procedimentos possíveis elimina os gargalos e ainda evita essa discrepância de dados – muitas vezes, uma pequena divergência de informação pode atrasar o processo de liberação em dias. E isso não é interessante para nenhuma companhia”, finalizou.
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