Em busca de maior intercâmbio
Enquanto os EUA segue o caminho contra a assinatura de novos acordos, o Brasil parece empenhado em buscar novas parcerias
Enquanto os EUA parecem seguir um caminho que vai contra a assinatura de novos acordos de livre-comércio, como deixa claro a decisão do presidente Donald Trump de retirar aquele país da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), o Brasil, depois de pelo menos 26 anos de pouca integração comercial – a última grande iniciativa foi a criação do Mercosul em 1991 –, parece empenhado em buscar novas parcerias.
Isoladamente, o País procura avançar entendimentos com Canadá, Japão e Coréia do Sul. Já no âmbito do Mercosul, há negociação de acordos com União Europeia, Índia, Líbano e Tunísia, além de um aprofundamento nas tratativas com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
Ao mesmo tempo, o governo busca avançar nas negociações dos Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFIs), que prevêem maior facilitação do fluxo de capitais, mitigação de riscos e prevenção de controvérsias. Há pelo menos oito acordos desse tipo concluídos e outros em fase de negociação.
Com a concretização dos acordos comerciais, os maiores ganhos para o Brasil concentram-se nos bens básicos. Já em relação aos bens industriais, os setores mais beneficiados serão os de químicos orgânicos, vestuário e calçados, produtos de cerâmica e madeira. Com o acordo com a Efta, por exemplo, o Brasil poderá obter insumos mais baratos para a produção de bens industriais, aumentando a competitividade de seus produtos, item que vem dificultando sobremaneira não só a abertura de mercados como a recuperação de outros que se fecharam.
É de se lembrar que a Efta possui posição relevante no comércio internacional de bens, já que a Suíça é o 11º no ranking de 2015 da Organização Mundial do Comércio (OMC) dos principais importadores (participação de 1,9% das importações mundiais) e a Noruega ocupa o 24º lugar (0,6% das importações mundiais). Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), em 2016, as exportações para a Efta totalizaram US$ 2,4 bilhões (participação de 1,3%). Desse total, os produtos manufaturados representaram 64,9%, os semimanufaturados 25,9% e os básicos 9%.
Não se pode esquecer que, além da redução tarifária, o possível acordo com a Efta incluirá a derrubada de barreiras tarifárias, o que irá ajudar os exportadores brasileiros. Os principais produtos exportados pelo Brasil para a Efta são plataformas de perfuração ou exploração (32,6%), óxidos e hidróxidos de alumínio (24,3%), soja em grãos (4,0%), ouro em formas semimanufaturadas (3,7%) e café em grãos (1,9%).
Já as importações foram de US$ 2,4 bilhões (participação de 1,8%), sendo que a pauta ficou assim distribuída: 5,8% de produtos básicos, 1,8% de semimanufaturados e 92,4% de manufaturados. Entre os produtos importados da Efta, destacam-se medicamentos para medicina humana e veterinária (21,5%), compostos de funções nitrogenadas (13,0%), compostos heterocíclicos (6,5%), óleos combustíveis (6,4%), adubos e fertilizantes com nitrogênio e fósforo e potássio (4,4%). Quer dizer, há ainda muito a crescer nesse intercâmbio.
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