A urgência da sustentabilidade na logística: um caminho sem volta
Nos últimos anos, a sustentabilidade tornou-se um imperativo em diversas indústrias, e a logística não é exceção. Com a crescente conscientização sobre as mudanças climáticas, o esgotamento de recursos naturais e a pressão de consumidores e reguladores, o setor de logística enfrenta um ponto de inflexão. A busca por práticas mais sustentáveis deixou de ser uma opção ou vantagem competitiva, transformando-se em uma necessidade urgente e inadiável.
O papel da logística no desenvolvimento sustentável
A logística é o coração da economia global. Ela conecta mercados, garante o fluxo de bens e serviços e sustenta operações industriais. No entanto, essa mesma infraestrutura de movimentação de produtos e matérias-primas tem um impacto ambiental significativo. Desde a emissão de gases de efeito estufa por veículos de transporte até o consumo de energia em centros de distribuição, a pegada ecológica da logística é um tema central nas discussões sobre sustentabilidade.
Em 2020, o transporte foi responsável por aproximadamente 24% das emissões globais de CO2 relacionadas à energia, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Desse percentual, o transporte de mercadorias, que inclui caminhões, aviões e navios, representou uma parte substancial. Ao mesmo tempo, a demanda por eficiência e velocidade no setor logístico cresce exponencialmente, impulsionada por tendências como o comércio eletrônico, exigindo soluções ainda mais rápidas e que, tradicionalmente, não priorizam a sustentabilidade.
Em meio a esse cenário, a sustentabilidade na logística deixou de ser apenas uma tendência passageira. Trata-se de um caminho sem volta. A pressão por uma economia de baixo carbono, a crescente regulamentação ambiental e as expectativas de consumidores e investidores por práticas mais responsáveis colocam as empresas em uma posição clara: inovar e adotar práticas sustentáveis ou perder relevância no mercado.
Empresas que atuam no setor de automação logística, estão na linha de frente dessa mudança, desenvolvendo soluções que minimizam o impacto ambiental enquanto aumentam a eficiência operacional. O compromisso com a sustentabilidade envolve não apenas a redução das emissões, mas também a otimização do uso de recursos, como água e energia, e a transição para práticas circulares, como a reutilização de materiais e a redução de resíduos.
Inovações sustentáveis na cadeia logística
Soluções automatizadas são exemplos concretos de como a tecnologia pode reduzir o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, aumentar a eficiência. Os sistemas automatizados de manuseio de materiais permitem otimizar o uso de energia, minimizar erros e reduzir o desperdício, proporcionando operações mais ágeis e ecológicas.
Além disso, a transição para veículos elétricos ou movidos a energias renováveis no transporte de mercadorias é uma tendência que está ganhando força. Sistemas de distribuição que integram veículos autônomos e drones também apresentam potencial para diminuir a dependência de combustíveis fósseis e reduzir congestionamentos nas cidades, o que, por sua vez, diminui as emissões de CO2.
Outro ponto crítico é a adoção de práticas de economia circular na logística reversa. A coleta e reaproveitamento de produtos e materiais no fim de seu ciclo de vida são essenciais para reduzir o volume de resíduos e estimular a reutilização e reciclagem. Dessa forma, empresas podem minimizar sua pegada de carbono e criar modelos de negócios mais sustentáveis e resilientes.
Desafios e oportunidades
Apesar do progresso, a transição para uma logística sustentável não está isenta de desafios. O investimento inicial em tecnologias limpas pode ser elevado, e muitas empresas enfrentam barreiras para integrar soluções ecológicas em suas operações. Além disso, a infraestrutura existente, como estradas e portos, nem sempre está preparada para suportar uma rápida transição para práticas mais verdes.
No entanto, as oportunidades superam os desafios. A adoção de práticas logísticas sustentáveis pode gerar economia de custos a longo prazo, além de mitigar riscos relacionados a flutuações nos preços de combustíveis e à escassez de recursos. Além disso, as empresas que lideram esse movimento conquistam uma posição diferenciada no mercado, sendo vistas como pioneiras em responsabilidade ambiental, o que pode atrair consumidores, investidores e parceiros.
(*)Adriano Santos, Country Manager da Vanderlande Brasil
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