Suape garante recursos para pesquisa e produção de hidrogênio verde
No mesmo mês em que lançou o Projeto Carbono Neutro e deu um passo importante para garantir a sustentabilidade em seu território e em oito municípios sob sua influência, o Complexo Industrial Portuário de Suape obteve mais uma conquista fundamental na área ambiental. O atracadouro teve projeto selecionado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a CTG Brasil com foco em hidrogênio verde (H²V), para impulsionar soluções inovadoras e gerar negócios na região.
O processo de desenvolvimento será capitaneado pelo Instituto Senai de Inovação para Tecnologias da Informação e Comunicação (ISI-TICs), em parceria com três empresas que já atuam com o mercado de energia elétrica – Sinapsis, Eidee e Way2 – e com o ISI Energias Renováveis.
Denominado “Distrito Industrial Verde”, o programa de Suape foi classificado em primeiro lugar entre os 31 apresentados à chamada e contará com financiamento que pode chegar a R$ 6,4 milhões para implementação dos processos, num prazo de três anos. Também foram selecionados os projetos Produção e Armazenamento de Energia Solar em H2 e Aplicações em Mobilidade, da Equatorial Energia S.A.; e Conversor CC-CC Multiportas e Sistema IoT Inteligente de Gestão de Energias, da Fundação Parque Tecnológico Itaipu – Brasil.
O projeto de Suape consiste na implementação de uma plataforma propulsora do hidrogênio verde (H²V) com desenvolvimento tecnológico de iniciativas relacionadas ao fluxo de múltiplos usos, como importante vetor para acelerar a descarbonização de distritos industriais. O território do complexo será usado como laboratório para a implementação das inovações capazes de orquestrar o processo produtivo de geração e o consumo de energia limpa por parte das empresas instaladas, buscando a neutralidade de carbono no território.
Para isso, será criada uma plataforma digital segura e dinâmica que abordará a rota de hidrogênio verde nas seguintes vertentes: impulsionamento da produção e consumo, rastreabilidade, armazenamento, infraestrutura, logística e comercialização no âmbito do mercado nacional por meio do uso de tecnologias seguras (blockchain). Essa ferramenta será capaz de realizar o mapeamento e a rastreabilidade de H²V num distrito industrial verde de forma padronizada e portável para diferentes locais do mundo.
Essa estratégia tem como pontos de destaque o mapeamento e a indicação do potencial mercado consumidor de hidrogênio verde em distritos industriais sustentáveis, a começar pelo Porto de Suape. “A integração das empresas do complexo nesta plataforma é um outro elemento fundamental para o sucesso do programa, fomentando o consumo de H²V por meio de uma planta piloto de geração do combustível limpo em Suape para testes e homologação de funcionalidades”, comenta o diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Suape, Carlos Cavalcanti.
O projeto prevê o desenvolvimento de um mercado de comercialização do “combustível do futuro”, definindo produtos e transações transparentes, bem como apoio na estruturação da regulamentação da produção, armazenamento e distribuição, tudo isso integrado ao mercado de energia elétrica. De acordo com o diretor Industrial do Senai-PE, Oziel Alves, a rastreabilidade do H²V é outra importante inovação dessa solução.
“Nossa plataforma será capaz de atestar a origem do hidrogênio verde, apontando qual matriz energética foi utilizada na sua geração, trazendo mais confiabilidade ao processo de produção e distribuição e impulsionando a redução de gás carbônico na atmosfera. Essa funcionalidade conseguirá se adequar a legislação de cada país, a partir do que cada um considera como energia limpa”, explica.
Segundo Carlos Cavalcanti, há grande potencial para a transformação digital do segmento de comercialização, com a automatização do processo de busca de clientes e fornecedores e do processo transacional de compra, venda, liquidação e contabilização de energia, facilitando o desenvolvimento do mercado varejista e mesmo o atacadista, com base na ferramenta de leilões. “Para os participantes do projeto, será a oportunidade de desenvolver um modelo de negócio rentável em um novo mercado de alto valor agregado e com potencial de crescimento”, salienta.
Carbono Neutro - Lançado no último dia 10, o Projeto Suape Carbono Neutro é uma das mais importantes ações da administração de Suape alinhadas com as práticas ESG (sigla em inglês usada para medir as ações ambientais, sociais e de governança de uma organização). O primeiro contrato trata-se de um inventário que quantificará o estoque de carbono na Zona de Preservação Ecológica. Já o segundo, chamado de Compliance Climático, prevê várias ações, a exemplo da mensuração da emissão de gases de efeito estufa nos oito municípios do território estratégico de Suape (Cabo de Santo Agostinho, Escada, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Sirinhaém, Ribeirão e Rio Formoso).
As empresas que ganharam a licitação foram, respectivamente, a organização não-governamental Associação Plantas do Nordeste e o Consórcio Way Carbon.
Rede de Inovação - A Rede de Institutos Senai de Inovação foi criada para atender as demandas da indústria nacional. Ela tem como foco de atuação a pesquisa aplicada, o emprego do conhecimento de forma prática, no desenvolvimento de novos produtos e soluções customizadas para as empresas ou de ideias que geram oportunidades de negócios. Os institutos trabalham em conjunto, formando uma rede multidisciplinar e complementar, entre si e em parceria com a academia, com atendimento em todo o território nacional.
A rede é composta por 26 Institutos Senai de Inovação. Desde a criação, em 2013, mais de R$ 1,2 bilhão foram mobilizados em 1.332 projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). A estrutura conta com mais de 930 pesquisadores, sendo que cerca de 52% têm mestrado ou doutorado. Por serem reconhecidos como Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT), os Institutos Senai de Inovação dispõem de acesso a diversas fontes de financiamento não-reembolsáveis para projetos de PD&I. Atualmente, 15 institutos compõem unidades EmbrapII com acesso direto a recursos para financiamento de projetos estratégicos de pesquisa e inovação.
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