Transporte de medicamentos e seus desafios
Estudo da FGV aponta importância no setor para a economia brasileira, causando impactos positivos no PIB
Além de criar milhares de empregos no país ano após ano, o setor de transporte de medicamentos também tem grande importância para a economia brasileira, causando impactos positivos sobre o PIB. De acordo com a pesquisa “Transporte de Medicamentos no Brasil – Cenário Atual e Futuro do Setor”, encomendada pela NTC (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) à FGV (Fundação Getúlio Vargas), a contribuição do setor de transporte, armazenagem e correios foi de R$ 213,2 bilhões em 2015. No transporte de medicamentos, o segmento farma investiu R$ 765 milhões ao longo do ano, criando 18 mil empregos diretos e indiretos. Este valor corresponde a 0,36% dos R$ 213,2 bilhões, que correspondem à contribuição do segmento para o Produto Interno Bruto (PIB). O montante equivale também a 0,5% da receita operacional bruta do setor de transportes de carga rodoviária, estimado em R$ 142 bilhões.
Encarando também desafios ligados à infraestrutura de transportes, regulamentação e mão de obra, o estudo aponta que além de qualificação dos transportadores e qualidade dos equipamentos, é fundamental a presença de infraestrutura adequada. Ela aponta que os investimentos federais na área foram decrescentes nas últimas décadas. Em 1975, um total de 1,84% do PIB era destinado à infraestrutura de transportes, em comparação a 0,29% em 2014.
Ainda segundo a pesquisa, no Brasil, somente 12,4% da malha rodoviária é pavimentada – aquém da média latino-americana (26%) e mundial (57%). Aproximadamente 57,3% da malha viária pavimentada está qualificada como “regular”, “ruim” ou “péssima”. Este cenário gera consequências graves, como mais acidentes, mais tempo na realização de viagens, mais emissão de gases nocivos ao meio ambiente, mais custos de transporte e maior necessidade de manutenção dos veículos.
Fernando Luft, sócio-fundador da Luft Logistics, avalia que “o estudo indica a relevância do segmento farmacêutico no Brasil e no panorama internacional, assim como a importância do setor de transporte de medicamentos e questões relacionadas”. O estudo apontou ainda dificuldades na contratação de mão de obra (86% dos entrevistados), principalmente devido à carência de qualificação, como também por causa dos elevados encargos sociais e da escassez de cursos específicos.
Outra questão do setor, segundo a pesquisa, é a regulamentação imprecisa em relação ao transporte de medicamentos e necessidade de fiscalização mais rígida pelos órgãos responsáveis. A indefinição dos tipos de veículos necessários para o transporte de medicamentos a longas distâncias é uma delas; nestas situações, os veículos isotérmicos são inadequados, já que mantêm a temperatura por tempo limitado. Nestes casos, a solução ideal são os veículos refrigerados.
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