CK Hutchison vende 80% de sua divisão portuária para BlackRock e MSC por US$ 22,8 bilhões

A CK Hutchison, conglomerado do bilionário Li Ka-shing, fechou um acordo histórico para a venda de 80% de sua divisão portuária ao consórcio formado pela BlackRock e pela Mediterranean Shipping Co (MSC), por meio da Terminal Investment Limited (TiL). Avaliada em US$ 22,8 bilhões, a transação abrange 43 terminais em 23 países, totalizando 199 berços de atracação, e se configura como uma das maiores da história do setor portuário.

A operação será concluída por meio de um processo acelerado, sujeito a due diligence confirmatória, finalização da documentação definitiva e aprovações regulatórias. O consórcio comprador terá exclusividade na negociação, com acesso a informações detalhadas para conduzir a auditoria.

O acordo inclui tanto os terminais da HPH Ports Sale Perimeter, incluindo os ativos no Panamá, quanto a transação específica da Panama Ports Company (PPC). A distribuição dos recursos entre essas operações já foi definida em princípio, e a assinatura dos documentos definitivos da PPC está prevista para 2 de abril de 2025.

No entanto, a venda não abrange a participação da CK Hutchison no HPH Trust, que opera portos em Hong Kong, Shenzhen e no Sul da China, nem outros ativos portuários na China continental. Além disso, a PSA International, maior operadora de terminais do mundo, mantém sua fatia de 20% na CK Hutchison, adquirida em 2006 por US$ 4,4 bilhões — participação que já vinha considerando vender.

Segundo Frank Sixt, co-diretor-gerente da CK Hutchison, o processo competitivo resultou em um valor altamente atrativo para os acionistas: “O valor acordado é extremamente vantajoso e a transação está claramente alinhada com os interesses de nossos acionistas. Após ajustes relacionados a participações minoritárias e pagamento de certos empréstimos entre a HPH e a CK Hutchison, o grupo espera arrecadar mais de US$ 19 bilhões em caixa com o negócio.”

Ele também reforçou que o acordo tem caráter puramente comercial, sem relação com fatores políticos recentes envolvendo os portos do Panamá.

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, vê a aquisição como uma oportunidade estratégica para ampliar sua presença em infraestrutura portuária global. Para Larry Fink, CEO da companhia: “Este acordo demonstra a força da parceria entre BlackRock e GIP, garantindo investimentos diferenciados para nossos clientes. Os portos envolvidos são essenciais para o crescimento do comércio global, e estamos entusiasmados em fazer parte desse projeto.”

Já Bayo Ogunlesi, CEO da Global Infrastructure Partners (GIP), que faz parte da BlackRock, destacou a parceria de longo prazo com a MSC e a TiL: “Nossa experiência em terminais portuários, somada à visão estratégica da MSC, garantirá que esses ativos permaneçam competitivos, eficientes e voltados para excelência operacional.”

Por sua vez, Diego Aponte, presidente do grupo MSC e chairman da TiL, ressaltou a continuidade da gestão da Hutchison Ports e a importância do investimento: “Nossa relação com a Hutchison Ports vem de longa data, baseada em respeito e cooperação. Estamos entusiasmados em trabalhar junto à BlackRock e ao GIP para integrar esses terminais ao nosso ecossistema global, garantindo um investimento sólido e sustentável para o futuro.”

A Hutchison Ports, pioneira na operação global de terminais, expandiu-se a partir de Hong Kong nos anos 1990 e, por muito tempo, manteve a maior rede portuária do mundo. No entanto, nos últimos 20 anos, caiu para a sexta posição entre os operadores globais.

Com essa aquisição, a MSC fortalece sua presença como operadora independente nos principais corredores comerciais leste-oeste. A tendência é que a companhia reconfigure sua rede de terminais para maximizar sinergias e otimizar escalas, integrando os ativos recém-adquiridos.


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