A trompa da incerteza ressoou, acordando os incautos...
Parallaxis alerta: ainda que não visualizemos exatamente quais das promessas de Trump serão tornadas realidade, o cenário é perigoso
A vitória de Donald J. Trump na corrida presidencial americana pegou a todos de surpresa. Apesar de haver indicações de que a corrida estava muito apertada, muitos de nós se negaram a crer que tal resultado fosse muito provável de acontecer. Como decorrência de um mundo em transmutação se movendo da liderança política global unipolar para um mundo provavelmente de liderança multipolar, estamos atravessando o período do "Mundo G-0", de descoordenação política, e de desdobramentos outrora considerados impensáveis.
Trump foi eleito com uma plataforma baseada basicamente em (i) desregulamentação, (ii) cortes de impostos, (iii) retirada do Estado da economia e (iv) uma agenda fortemente antiliberal sobre o comércio internacional. E tudo isto, vendido com um discurso bastante inflamado e altamente populista, que encontrou na China seu grande inimigo externo, causador de todas as mazelas da economia norte-americana. Em seu primeiro discurso, o Republicano engrossou o coro sobre a necessidade de investimentos na infraestrutura americana como um recurso para voltar a crescer e gerar postos de trabalho, porém de forma muito vaga, anunciando um pacote de US$ 500 bi.
Confirmada a sua nomeação ao cargo de POTUS, o mundialmente nos demos conta de um possível corvo de batalha[1] sobrevoando nossas cabeças, e fazendo ressoar a Trompa de Heimdall[2] que desperta os incautos. Fato é que ainda se desconhece parte do gabinete do futuro presidente, bem como quais de suas propostas que serão efetivamente colocadas em prática. E, em tempos de incerteza, a certeza que temos é de que os ativos de risco tenderão a sofrer com bastante volatilidade e desvalorizações, a medida em que os grandes fluxos de capitais buscam refúgios nos Campos Elísios do mundo desenvolvido.
Ainda que tenhamos argumentos que possam colocar o FED agindo de maneira mais cautelosa com os juros, daqui por diante, ou, pelo contrário, se tornando mais hawkish do que seriam em outro cenário, o que permanece é a incerteza. E, com esse véu, o interregno benigno em que se encontra o setor externo, citado pelo COPOM, deverá dar espaço a uma nova avaliação de risco, na qual o BCB entende ser necessário continuar cauteloso, mantendo o ritmo de queda da Selic em 25 pontos base em sua próxima reunião.
Em meio a essas mudanças conjunturais revisamos nosso cenário. Agora esperamos que o COPOM corte a Selic em 0,25 p.p. na última reunião de 2016, neste mês de novembro, levando-a a encerrar o ano em 13,75% a.a.. A partir do início do ano que vem, já com maior clareza sobre os desdobramentos desse mundo G-0, acreditamos que o comitê possa acelerar seu ritmo de corte, de maneira que a Selic encerre 2017 em 10,50% a.a.. Esse aumento no ritmo de redução dos juros é crucial para colocar a taxa de juros real em território menos contracionista e auxiliar a recuperação e o processo de desalavancagem do setor privado.
O baixo nível de atividade, confirmado pela piora dos indicadores de atividade, a distensão do mercado de trabalho e a queda dos salários reais, juntamente com o recuo dos preços de alimentos, já estão exercendo pressão deflacionária significante no curto e médio prazo. Além do mais, as expectativas de mercado para inflação seguem bastante comportadas e em trajetória de queda.
Aproveitamos também a oportunidade para rever nossas projeções de câmbio, que contam com uma moeda brasileira mais desvalorizada nos próximos períodos. Projetamos que o câmbio encerrará 2016 com a média de R$ 3,51 de anteriores R$ 3,46, e para 2017, a projeção da média do ano foi alterada de R$ 3,30 para R$ 3,41. Essas alterações no câmbio não trouxeram mudanças significativas em nosso cenário de inflação, de maneira que nossas projeções para o IPCA seguem em 6,9% para 2016 e 4,8% em 2017.
Parallaxis
A Parallaxis automatiza a coleta dos dados diretamente na fonte e realiza o tratamento estatístico, a fim de elaborar relatórios estratégicos que possibilitam aos clientes traçar cenários, estratégias de inserção nos mercados, direcionar investimentos e outras decisões. A empresa cria portais com informações e indicadores setoriais atualizadas em tempo real, a partir de algoritmos de data mining que capturam os dados (inputs) e alimentam o sistema que através da programação dos motores de cálculo que geram os indicadores setoriais e econômicos (outputs) apresentados numa plataforma online.
O desafio primordial da Parallaxis é romper com as análises econômicas convencionais, buscando ferramentas de inteligência artificial para “enxergar aquilo que o mercado não vê”. Com as ferramentas personalizadas para cada cliente, as nuances do mercado podem ser acompanhadas em tempo real por meio de algorítimos que possibilitam análises simples e diretas.
O Guia Marítimo News publica somente versões compactas dos relatórios Parallaxis. Os relatórios originais são preparados pela Parallaxis Consultoria e distribuídos apenas para clientes, com a finalidade única de prestar informações sob indicadores econômicos em geral. Não possuindo a Parallaxis Consultoria qualquer vínculo com pessoas que atuem no âmbito das companhias analisadas, assim como a empresa não recebe remuneração por serviços prestados ou apresenta relações comerciais com as companhias analisadas. Apesar de ter sido tomado todo o cuidado necessário de forma a assegurar que as informações no momento em que as mesmas foram colhidas, a precisão e a exatidão de tais informações não são por qualquer forma garantidas e a Parallaxis Consultoria por elas não se responsabiliza. Os preços, as opiniões e as projeções contidas nos relatórios estão sujeitos a mudanças a qualquer momento sem necessidade de aviso ou comunicado prévio. Não podem ser interpretados como sugestão de compra ou de venda de quaisquer ativos e valores imobiliários. Não podem ser reproduzidos, distribuídos ou publicados por qualquer pessoa, para quaisquer fins.
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