Aliança amplia soluções e aposta em logística multimodal para impulsionar crescimento sustentável

Durante a Intermodal South America 2025, José Roberto Duque, head comercial da Aliança Navegação e Logística, falou com exclusividade ao Guia Marítimo sobre os investimentos da empresa em serviços integrados, incluindo frete aéreo, e o papel estratégico da cabotagem no reequilíbrio da matriz logística nacional.

Com mais de 70 anos de atuação no Brasil e parte do grupo A.P. Moller–Maersk, a Aliança Navegação e Logística vive um momento de expansão e consolidação como fornecedora de soluções logísticas completas. Durante a Intermodal South America 2025, a empresa anunciou o lançamento oficial de seu serviço de frete aéreo doméstico, complementando sua já robusta estrutura multimodal – que inclui os modais marítimo, rodoviário, ferroviário e fluvial, além de serviços de armazenagem e distribuição.

“Agora temos o aéreo como mais uma opção para o cliente. Se não for o terrestre, vai ser o aéreo. Se não for o aéreo, vai ser o marítimo. Nosso objetivo é sempre encontrar a melhor solução logística para cada necessidade”, destacou Duque.

Essa nova etapa reforça o compromisso da Aliança em oferecer logística “porta a porta” com flexibilidade, sustentabilidade e eficiência, atendendo a clientes desde a origem até o destino final das cargas. A empresa opera atualmente em 14 portos brasileiros e conta com mais de 1.200 colaboradores.

Cabotagem como diferencial competitivo e sustentável

Duque, que assumiu a liderança comercial da empresa no ano passado, ressaltou a importância estratégica da cabotagem para um sistema logístico mais equilibrado no Brasil. Hoje, 61% do transporte de cargas no país é feito por rodovias, enquanto a cabotagem representa apenas 12%, segundo dados da ABAC. Esse desequilíbrio impacta diretamente os custos logísticos e os preços finais para o consumidor.

“A cabotagem aliada aos demais modais e à armazenagem estratégica é uma grande ferramenta para aportar resiliência à cadeia logística. Emitimos cerca de 90% menos CO₂ em comparação ao caminhão. Além disso, promovemos qualidade de vida ao caminhoneiro, que deixa de percorrer longas distâncias e pode voltar para casa mais cedo.”

Duque acredita que ainda falta maior valorização ambiental nas decisões comerciais, mas enxerga um movimento promissor entre os clientes:

“Antes não se falava em descarbonização. Hoje a gente já escuta isso no mercado. Ainda não é decisivo na escolha, mas é um avanço.”

A Aliança segue metas ambientais alinhadas ao grupo Maersk, com foco em ser net zero até 2040. Para isso, a empresa está investindo na adaptação de seus navios conforme as regulamentações da IMO, incluindo transição de combustíveis e uso de tecnologias mais limpas.

Inovação e inteligência artificial na logística

Outra frente estratégica da empresa é a adoção de inteligência artificial (IA) para aumentar a eficiência das operações. A Aliança já utiliza IA para previsibilidade de volumes de carga, precificação dinâmica de fretes no spot market e para otimização do uso dos navios.

“Ainda estamos aprendendo, mas já contratamos pessoas focadas em inteligência de mercado e estamos migrando de relatórios em Power BI para análises preditivas que projetem tendências futuras.”

Duque destacou também o uso de chatbots assistidos por humanos na comunicação com clientes e a criação de soluções locais customizadas para o mercado de cabotagem, que exige interações mais intensas com transportadoras e embarcadores do que o transporte internacional.

“A cabotagem no Brasil é muito diferente. Mais de 50% das cargas são ‘porta a porta’. Isso exige que a gente desenvolva soluções específicas e locais.”

Nova mentalidade logística

Além da tecnologia, Duque aponta que um dos maiores desafios e oportunidades está na mudança de mentalidade dentro do setor.

“Não dá mais para pensar em modal. A gente tem que pensar na carga do cliente. Se antes fazíamos só o marítimo, agora agregamos armazenagem, carga fracionada e o aéreo. Nosso foco é entender o que o cliente precisa e construir a melhor solução.”

A nova abordagem já mostra resultados, com clientes tradicionais da cabotagem adotando também os novos serviços da empresa. “Começamos a oferecer rotas em tempo real via tablet para clientes, o que foi possível graças ao lançamento que testamos no ano passado e agora está totalmente operacional”, explicou.

Perspectivas otimistas para 2025

Apesar dos bons números em 2024, a Aliança quer mais. Duque espera retomar o crescimento de dois dígitos ainda este ano:

“2023 foi um ano de aprendizados, 2024 melhorou, e 2025 será ainda melhor. Estamos prontos para crescer, inovar e ajudar o Brasil a desenvolver uma logística mais sustentável e eficiente.”

E, para ele, Manaus segue como porto estratégico para a cabotagem: “50% do volume da cabotagem passa por lá. Não funcionar não é uma opção.”

Com a ampliação de serviços, adoção de novas tecnologias e visão voltada ao futuro, a Aliança se consolida como líder em logística multimodal no Brasil, posicionando-se como parceira estratégica de empresas que buscam eficiência, resiliência e sustentabilidade em suas cadeias de suprimentos.



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