“O Brasil investe pouco e mal na infraestrutura logística”, aponta diretor executivo da Abol.
Para Brasil romper atrasos e modernizar logística de transportes serão necessários investimentos de R$1,7 trilhão nos próximos 10 anos
Em decorrência dos maus e poucos investimentos em infraestrutura logística, o País paga pela ausência de políticas públicas direcionadas à logística no longo prazo. Como aponta o diretor executivo da ABOL (Associação Brasileira de Operadores Logísticos), Cesar Meireles, dispomos ainda de uma matriz de transportes desbalanceada onde o Brasil ainda tem elevada dependência do modal rodoviário, com 67%, enquanto que, apenas 18% da sua matriz dispõe de infraestrutura ferroviária, 11% no modal aquaviário, e 4% distribuídos nos demais, entre estes o duto e o aeroviário. “Enquanto que os EUA, por exemplo, dispõem de uma matriz de transportes bem mais equilibrada, com 43% no modal ferroviário, 32% no rodoviário e 25% no aquaviário”.
“O Brasil precisa retomar a agenda positiva, recuperando os pilares da macroeconomia capazes de estabilizar e permitir a retomada do seu crescimento. Além disso, não é crível que um pais continental, com 8.000 Km2 de área territorial, tenha o descaso com a infraestrutura logística como regra geral”.Para o executivo, é preocupante que no início dos anos 2000 o trabalho era feito com certo êxito exatamente na inversão da matriz de transportes, “sugerindo estarmos, há dez anos, direcionados sob uma correta estratégia de infraestrutura dos transportes”. Porém, não ficam somente aí os ofensores para o desatamento dos nós da infraestrutura, Meireles aponta mais dois que merecem ser ressaltados. “O primeiro é a inexistência de um imposto de valor agregado único, o que produz uma artificialidade locacional por força da guerra fiscal. Outro ofensor é a insegurança reinante no país nos dias atuais, que segue firmes em ramp-up”, ressaltando ainda que o operador logístico e transportador rodoviário de carga estão expostos a toda ordem de risco, quer seja de acidentes rodoviários, quer seja por roubo de carga, “expondo-os, em consequência, à grave risco de vida”.
Para conseguirmos sanar esses problemas e trazer mais competitividade ao País, o diretor executivo destaca a necessidade urgente de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável da infraestrutura logística do país. “Há de se considerar que essas políticas, necessariamente, precisam ser integradas”, disse.
E lembra ainda que tem preconizado por vezes “que logística integrada é pleonasmo vicioso” e que os planos, projetos e ações governamentais são fragmentados. “Dispomos hoje no Brasil de nove órgãos cuidando da logística no Brasil, onde todos tratam de um mesmo conjunto de coisas relacionadas. Aprendi desde sempre que cachorro que tem mais de um dono, morre de fome”, afirma.
Nos últimos seis o Brasil investiu cerca de 0,8% a.a. do PIB brasileiro em infraestrutura logística. Países como o Chile e a Colômbia investem em média 4 a 8% do PIB. Para Meireles, havendo políticas públicas corretamente concebidas, será possível traçar investimentos no longo prazo. “Como disse, o Brasil investe pouco e quando o faz, faz com baixa competência e qualidade”. E lembra que para rompermos o atraso e modernizarmos a logística de transportes no Brasil, igualando-nos a outros países serão necessários investimentos que somam mais de 3% do PIB a.a. nos próximos 10 anos, ou seja, R$1,7 trilhão.
Sobre o momento “delicado” vivenciado pelo Brasil, Meireles diz que “instrui a todos a realização do correto e responsável dever de casa reduzindo as entropias, atuando nas ineficiências, buscando capacitar melhor seus recursos e investido em novas tecnologias”. Ressaltando que no caminho muitos postos de trabalho foram suprimidos “em decorrência de uma gestão irresponsável de um governo fundamentado em perpetuar-se e não em desenvolver o país de modo estruturado e sustentável”. Meireles enxerga que o momento é de realizar trade-offs, buscar primoramento de gestão, estudar e aportar melhores bases tecnológicas. “Tratarmos de ouvir ainda mais nossos clientes, e junto com eles desenharmos melhores modelos, alcançando cada vez mais em eficiência operacional”.
Para 2016 ele espera que a crise política instalada no Brasil seja o mais breve possível resolvida e afirma que “uma democracia precisa, efetivamente, de um Congresso estabilizado, de casas parlamentares harmônicas, para que possamos levar projetos e nelas aprovarmos para retomarmos o desenvolvimento do país”.
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molly
15/06/2017 05:34