Feijão fora da mesa dos brasileiros?
Na tentativa de ajudar a melhorar os preços, medida de zerar impostos de importação pode estar dando resultados
De 10 brasileiros, sete consomem feijão diariamente. O grão, típico da culinária do país, é fonte de proteína vegetal, vitaminas do complexo B e sais minerais, ferro, cálcio e fósforo. O consumo do produto, em média, por pessoa chega a 19 quilos de feijão por ano. Porém, com a recente alta dos preços do produto, esse cenário parece estar mudando. A alta do preço do feijão fez muitos brasileiros mudarem cardápio tradicional. Nos últimos 12 meses, o preço do feijão carioca já subiu mais de 58%.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Feijão, o aumento no valor do produto se deve à seca em grande parte dos estados que produzem o grão. Com isso, houve queda na oferta e, com o aumento da demanda, os preços acabaram subindo. O preço do feijão-carioca chegou a R$ 10 em supermercados de vários estados brasileiros.
O aumento de preços atinge o prato típico dos brasileiros, o feijão com arroz, e dificulta principalmente a vida dos consumidores de baixa renda, que, acuados pela recessão e pelo desemprego, cortam a compra de itens supérfluos no supermercado.
Uma das medidas tomadas no último mês pelo presidente interno Michel Temer foi liberar a importação do feijão em alguns países para reduzir o preço do produto nos mercados. Ao zerar o imposto de importação o governo visa estimular a compra do produto de outros países e reduzir o preço nas prateleiras dos supermercados.
Com a medida de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC), o Imposto de Importação, que era de 10%, foi a 0%. A expectativa do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços é de que com a isenção do imposto de importação os volumes aumentem ainda mais nos próximos meses.
A medida vale por três meses e incide sobre os feijão preto e carioquinha, os mais consumidos no País e cujos preços haviam disparado nos últimos meses. Uma quebra de safra em regiões importantes diminuiu a oferta do produto.
De acordo com Herlon Brandão, diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação, já é possível notar o aumento na importação de feijão. “O que deve aparecer a partir de agora é feijão de outras origens. Da Argentina já tem aumento, de outras origens não”, explicou.
No primeiro semestre, a compra de feijão preto da Argentina registrou aumento de 146,1% na comparação com igual período do ano passado, aumentando de 26 mil toneladas para 64 mil. Os argentinos, por serem parte do Mercosul, já não pagavam essa taxa. Em junho, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), o feijão carioca registrou alta de 16,38%. No acumulado do ano, o produto ficou 54,09% mais caro.
Quebra de safra
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, disse quando anunciou a isenção da taxa, que o feijão tem três safras e que a segunda sofreu uma redução de 10% do total previsto. “O mercado percebe que vai ter dificuldade de feijão e tivemos aumento de preço”, relatou.
A ideia é que inicialmente o Brasil compre o feijão produzido na Argentina, Paraguai e Bolívia, países mais próximos e que já eram isentos de taxa de importação. De acordo com ele está em estudo a possibilidade de importar o produto também do México e da China. “Isso será feito para o caso de o produto dos países mais próximos não ser suficiente para atender a demanda brasileira”. E acrescentou: “Nós não temos estoques porque feijão é altamente perecível. Em três ou quatro meses, o feijão começa a escurecer e o consumidor não compra feijão velho”, explicou o ministro.
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