Aumento no Frete Marítimo Preocupa Setor de Commodity e Refrigerados

Frete marítimo deve ter novo aumento de 10%

O início do ano marca uma tendência de aumento nos custos médios do frete marítimo, com um crescimento significativo de cerca de 10%. Este aumento, que já vinha sendo observado devido a fatores como os ataques ao Mar Vermelho, agora é impulsionado por uma série de novos elementos, afetando principalmente o setor de commodity e refrigerados no Brasil.

"Um dos principais fatores desse aumento são os altos encargos de juros, que inicialmente sugeriam uma desaceleração na economia mundial. No entanto, com a manutenção da forte atividade econômica e o alto consumo, muitas empresas foram obrigadas a ajustar seus planos, resultando em aumentos significativos nas taxas, principalmente no Pacífico", afirma Mario Veraldo, CEO da MTM Logix.

Além disso, análises da MTM Logix indicam que as empresas chinesas estão aumentando os volumes de envio para países como México e Brasil, aproveitando a tendência de nearshoring. Isso, combinado com a distância, aumenta a pressão sobre a devolução de contêineres vazios, gerando um déficit e, consequentemente, elevando as taxas. Um exemplo é a empresa varejista SHEIN, que está expandindo suas operações no Brasil, prevendo um aumento significativo no número de fábricas parceiras até 2026.

As rotas da China para a América do Sul, Central e do Norte devem sentir um impacto maior, enquanto os fretes permanecerão voláteis até pelo menos o final de agosto, devido às restrições de capacidade e à demanda sazonal no hemisfério norte.

"Em média, um contêiner da Ásia para o Brasil que custava US$ 2.000 em 2023, agora chega a US$ 5.000. Isso representa um aumento de 150%, mas o impacto no custo por produto pode ser relativamente baixo, dependendo do setor e do tamanho da empresa", explica Veraldo.

De acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 90% das empresas com operações de comércio exterior consideram o aumento dos preços de frete o principal problema nos negócios. Essa instabilidade nas tarifas afeta diretamente os consumidores, refletindo em reajustes nos preços de alimentos, combustíveis, vestuário, medicamentos e outros itens essenciais.

Diante desse cenário, estratégias como negociações de contratos flexíveis, diversificação das cadeias de suprimentos e uso de tecnologia para planejamento eficiente tornam-se essenciais para enfrentar os desafios do mercado.

"O planejamento é crucial, já que as taxas de frete sempre foram voláteis. Cada empresa precisa analisar seu suprimento, determinar a demanda por seus produtos e adotar diferentes estratégias para garantir o abastecimento oportuno", conclui o CEO.



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