Biometano pode impulsionar sustentabilidade no transporte brasileiro, aponta Fenasucro & Agrocana

O setor de transporte no Brasil, amplamente dependente do diesel, tem o potencial de se tornar mais sustentável nos próximos cinco anos. Durante a 30ª edição da Fenasucro & Agrocana, que acontece em Sertãozinho/SP, foi apresentada uma projeção otimista: a produção de biometano pode crescer dos atuais 1,6 milhão de metros cúbicos para até 7 milhões em 2029. A feira, realizada no Centro de Eventos Zanini, segue até sexta-feira, dia 16.

“O Brasil tem um enorme potencial para a produção de biometano, um combustível renovável capaz de transformar resíduos orgânicos em energia sustentável. E o setor de transporte é fundamental para essa descarbonização,” afirmou Patrícia Bassili, gerente de planejamento da Mitsui Gás e Energia do Brasil e conselheira da Abiogás (Associação Brasileira do Biogás).

Esses dados foram discutidos no painel “A Bioenergia: Bioeletricidade, Biogás e Etanol”, durante o 14º Seminário de Bioeletricidade UNICA, CEISE e COGEN. O evento contou com a participação de importantes nomes do setor, como o presidente executivo da COGEN, Newton Duarte, e o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Thiago Guilherme Ferreira Prado.

Para Patrícia, alcançar essa capacidade de produção de biometano nos próximos anos exigirá a expansão de plantas estratégicas, fundamentais para o avanço da sustentabilidade no Brasil. “Atualmente, 25 plantas de biometano aguardam autorização para operar no país. Esse número reflete o crescente interesse e o potencial do mercado, indicando que o Brasil está preparado para um aumento significativo na produção desse biocombustível,” revelou.

As previsões para o mercado de biogás no Brasil são promissoras, com potencial para gerar cerca de 800 mil empregos, atrair investimentos de R$ 120 milhões e reduzir em 640 milhões de toneladas as emissões de carbono. O estado de São Paulo se destaca como líder, responsável por mais de 55% da produção de biometano a partir da cana-de-açúcar.

“O mercado já começa a adotar o biometano, com frotas pesadas e produtores de etanol utilizando esse combustível para reduzir a pegada de carbono na produção de açúcar e etanol. Essas iniciativas posicionam os produtores como líderes na adoção de tecnologias limpas,” acrescentou Patrícia.

O segundo dia da Fenasucro & Agrocana também trouxe discussões sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) como vantagem competitiva nas operações agrícolas. Marcelo Pierossi, engenheiro agrícola, destacou na Arena de Sustentabilidade como a IA pode auxiliar em diversas frentes, desde a coleta de dados para manutenção preditiva de maquinário até a automatização de tarefas e capacitação de equipes.

“A IA não busca substituir as pessoas, mas sim maximizar seus potenciais, contribuindo para uma gestão mais eficiente,” enfatizou Pierossi. O tema foi aprofundado em palestras no Auditório Zanini, conduzidas por Paulo Gallo e Eduardo Mossim, especialistas em programação e IA.



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