A importância das Cadeias de Valor e a contrariedade com a visão de Trump

Depois da vitória de Trump, o mundo se pergunta sobre o futuro do comércio internacional

Trump acaba de vencer as eleições nos EUA e muito se questiona sobre o futuro do comércio internacional. Ao longo de sua campanha pregou a necessidade de se proteger a indústria norte-americana da concorrência externa, sobretudo em razão de sua experiência como empresário.

Ocorre que fechar as fronteiras para o produto estrangeiro não resolverá o problema da indústria nacional. O protecionismo, para que surta efeitos positivos para a indústria nacional, e lhe garanta mais competitividade, deve ser exercido de maneira a permitir, entre outros fatores, que a indústria adquirida insumos pelo menor preço.

A aquisição de insumos pelo menor preço não necessariamente será dentro do território nacional. Um país estará protegendo a sua indústria doméstica se permitir que ela adquira insumos do país que melhor lhe convier, e venda o produto acabado tanto para o mercado interno como para exportação.

Dessa forma, Trump não ajudará sua indústria se simplesmente, como vem sugerindo, se retirar de todos e quaisquer acordos de comércio internacional, ou não assinar novos, pois os EUA não são, e não serão jamais, autossuficientes.

Os países precisam uns dos outros, e é por intermédio da cooperação que vamos todos crescer e nos desenvolver. Os países precisam garantir que sua indústria não esteja sofrendo dumping ou qualquer outra prática desleal de comércio, mas também precisa garantir que sua indústria esteja engajada nas cadeias globais e regionais de valor, mediante troca de insumos. Somente assim é que as indústrias conseguirão gerar mais empregos, e contribuir para o desenvolvimento de seu país e, consequentemente, do mundo.

O isolamento não gera crescimento. O que gera crescimento e maior competitividade é o livre comércio em consonância com as regras da OMC, e a proteção contra práticas desleais, de forma a permitir trocas comerciais saudáveis e a inserção de todos nas cadeias regionais e globais de valor.   

Escrito por:

Cynthia Kramer

É advogada especialista em comércio internacional do L.O. Baptista-SVMFA, membro da OAB/SP, onde coordena o Grupo sobre OMC do Comitê de Direito Internacional. Membro do Comitê de Relações Internacionais do CESA. Coordenadora em São Paulo do Instituto de Comércio Internacional de Washington DC (ABCIInstitute). Membro do Centro Membro do Centro de Estudos de Direito Internacional Orbis. Além de lecionar Direito do Comércio Internacional no Instituto Nacional de Pós-Graduação (INPG).



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