Momento de rever custos e criar estratégias
O fortalecimento do comércio exterior depende não apenas da conjuntura brasileira, mas também da situação global, diz economista
A perspectiva de queda na inflação e nas taxas de juros não vai significar, obrigatoriamente, uma diminuição imediata e definitiva dos preços ao consumidor. Tampouco pode representar um aumento de absorção da produção do país, com impacto nas exportações. Segundo o economista Fernando Pinho, essa correlação pode não ocorrer, pois nada indica que a inflação diminuirá tão fortemente assim no curto prazo, recuperando o poder de compra da população.
Pinho aposta que a taxa de câmbio deva se ajustar em torno de R$ 3,20 a 3,30 por dólar, para manter a competitividade das exportações. Porém, ele alerta que o destino das exportações brasileiras não depende apenas dos índices internos do País. “O ímpeto do resultado do esforço exportador dependerá muito mais o de recuperação das economias dos países desenvolvidos do que do nosso esforço interno para tal”.
Ele explica que, nos últimos anos, o mundo desenvolvido entrou num processo de esfriamento generalizado em termos macro/microeconômicos, uma tendência que está demorando para se reverter. “E o Brasil pode fazer muito pouco para colaborar com esse processo de melhora, dada a gravidade do brutal desarranjo macroeconômico provocado pela incompetência dos governos Lula e Dilma”, diz o economista, citando governos de linha ideológica esquerdista como responsáveis por “destruir” as economias argentina, venezuelana, equatoriana e cubana. “Peru e Chile safaram-se dessas más escolhas políticas”.
Para Fernando Pinho, o aumento dos preços de serviços, do etanol e de energia elétrica registrados ultimamente no Brasil produzem impactos incontornáveis nos custos das empresas – e não apenas aquelas envolvidas no comércio exterior. “Como qualquer negócio, que exporte ou não, é o momento de rever outros custos e criar estratégias para atravessar o momento atual com solidez financeira”. Como soluções para a crise, o economista recomenda táticas conhecidas, como diminuir a folha de pagamento; renegociar com fornecedores, bancos, aluguéis, fretes e embalagens; incrementar o e-commerce; redimensionar frota de veículos; enfatizar a produção/venda de mercadorias que ofereçam maior margem de contribuição; estudar a possibilidade de automatizar a produção; dentre outras.
Apesar da necessidade de sanar as falhas internas, ganhar competitividade no comércio exterior e combater a inflação são citadas pelo economista como duas variáveis de vital importância a alcançar. Porém, o economista ressalta que, para analisar tais questões, é imprescindível que se entenda o momento atual da economia brasileira. “Até o presente momento, nada de concreto ocorreu na gestão da Macroeconomia. Só há planos de reformas. Além disso, o sistema político está desmoronando, o que dificulta o seu andamento, sem contar que o Presidente Michel Temer não tem mais muito tempo de mandato, e por isso, pode não conseguir levar à frente todas as reformas necessárias. Outra questão refere-se à equipe econômica, que, apesar de ser de alta qualidade técnica e moral, depende de um Congresso Nacional fisiológico e corporativista”.
Quanto ao ajuste necessário, Fernando Pinho cita as Reformas Trabalhista, Previdenciária e Tributária; a aceleração do já tardio processo de privatização de estatais (incluindo a diminuição do gigantismo da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal); a instituição das PPPs (Parcerias Público-Privadas), em áreas onde tradicionalmente o controle estatal é ineficiente e presta maus serviços (portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, barragens, etc); a reforma dos caóticos sistemas de saúde e ensino públicos, implantação de rígidos controles de governança corporativa nas estatais; e a diminuição drástica dos gastos com folha de pagamento de todo o setor público.
Quanto ao comércio exterior brasileiro, Fernando Pinho alerta que ele só será plenamente competitivo quando a economia se modernizar verdadeiramente, “pois não é razoável tentar tirar proveito somente da taxa de câmbio, tanto para importação quanto para a exportação”.
O economista Fernando José Martha de Pinho possui um blog no qual publica análises da conjuntura econômica.
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