Crescimento do modal ferroviário na matriz de transporte brasileiro traz benefícios ambientais
O trabalho do Ministério da Infraestrutura para reequilibrar a matriz de transporte nacional, promovendo concessões e parceria público-privadas, realizando obras federais e ajudando em licitações de projetos estaduais e municipais, resultará em um aumento da participação do modal ferroviário no transporte de cargas e de passageiros pelo país, passando dos atuais 20% para entre 30% e 40% nos próximos anos.
Segundo Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), hoje, a matriz brasileira é muito desequilibrada, com mais de 60% do transporte da carga sendo feito por rodovias. “Esse modal é mais eficiente para distâncias menores, entre 500 e 600 km, enquanto o ferroviário é melhor para distâncias maiores, de mais de mil quilômetros. Quando o trecho a ser percorrido for ainda maior, é possível usar o hidroviário”, explicou Abate, durante o BW TalksSustentabilidade nos Trilhos, promovido no dia 28 de outubro.
Para ele, é fundamental a busca pelo reequilíbrio da matriz de transporte no país, a fim de garantir mais eficiência econômica e contribuir para a proteção ambiental, e a promoção da integração entre todos os modais para beneficiar a competitividade do mercado nacional. “É preciso que a movimentação de cargas utilize o modal mais eficiente de acordo com o trecho a ser percorrido e o tipo de produto a ser transportado”, pontuou.
Esse crescimento da participação do modal ferroviário no país vai beneficiar o meio ambiente, uma vez que ele apresenta baixa emissão de gases de efeito estufa e materiais particulados, contribuindo para a diminuição dos impactos do aquecimento global advindos do setor de transporte. Ademais, o segmento tem trabalhado para a produção de equipamentos mais eficientes do ponto de vista energético, que colabora com a proposta de países do Hemisfério Norte de uma transição para uma economia global de baixo carbono.
Em sua participação no evento online do Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), o presidente da ABIFER ressaltou que a questão ambiental é grave. “De um modo geral, podemos perder nossa eficiência se não cuidarmos da natureza, diminuindo a emissão de GEE e a geração de resíduos, além das ações para manutenção dos recursos hídricos. Em minha visão, todos nós devemos nos preocupar com esse tema”.
Abate comentou também que a indústria nacional e mundial adotou as práticas de governança ambiental, social e corporativa (ESG), desenvolvendo tecnologias inovadoras para que os sistemas e os equipamentos sejam cada vez mais eficientes, seguros e tenha menor impacto ambiental, como por exemplo, a locomotiva de manobra 100% a bateria, desenvolvida por engenheiros brasileiros que alcançou resultados importantes e será, inclusive, exportado para os Estados Unidos.
Outros equipamentos citados por ele foram as locomotivas diesel-elétrica, que já utilizam biodiesel ou gás natural misturado com o diesel; o controle remoto em locomotiva de manobras que permite realizar a movimentação dentro do parque das concessionárias via wi-fi, rádio e outros sistemas de comunicação; e os trens a hidrogênio, que já são vistos na Europa.
No caso do transporte de passageiros, Abate falou durante o BW Talks Sustentabilidade nos Trilhos sobre os benefícios do VLT: menor impacto ambiental, mais econômico, mais seguro e com possibilidades de reurbanizar a região, propiciando uma condição turística mais favorável. Ele citou também a chance de sair um edital licitação ainda no mês de dezembro para um Trem de Média Velocidade ligando a cidade de São Paulo ao município de Campinas.
O BW Talks Sustentabilidade nos Trilhos está disponível no site oficial do Movimento BW.
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