Dados da Marinha Mercante apontam crescimento de mulheres no comando, com 6% dos postos sendo ocupados por elas

No último ano, a representatividade feminina em cargos de comando marítimo era de apenas 1,78%. No setor offshore, a Seagems destaca histórias de mulheres que ocupam posições estratégicas em um segmento historicamente dominado por homens

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, reforça a importância do debate sobre equidade de gênero no ambiente profissional. Embora avanços tenham sido alcançados, mulheres ainda enfrentam desafios como desigualdade salarial e baixa representatividade em cargos de liderança. Essas barreiras não apenas limitam o crescimento profissional feminino, mas também reduzem a diversidade de talentos e perspectivas dentro das empresas.

No Brasil, a presença feminina em posições de liderança teve uma leve queda nos últimos anos. De acordo com o estudo Women in Business 2024, da Grant Thornton, a participação das mulheres em cargos executivos passou de 39% em 2023 para 37% em 2024. Ainda assim, elas representam 43% da força de trabalho, segundo levantamento da FIA Business School.

Esse cenário reforça a necessidade de ampliar as oportunidades para que mais mulheres ocupem postos estratégicos. Diversos estudos apontam que empresas com maior presença feminina na liderança tendem a ter melhor desempenho financeiro. Segundo a McKinsey & Company, organizações com diversidade de gênero nos cargos executivos têm 25% mais chances de superar financeiramente seus concorrentes.

Mulheres no segmento offshore

No mercado offshore – que envolve operações em alto-mar –, a presença feminina tem crescido, mas ainda enfrenta desafios. A Seagems, empresa brasileira especializada em engenharia submarina, busca fortalecer essa representatividade e conta com profissionais que ocupam posições estratégicas em um segmento historicamente dominado por homens.

De acordo com a Marinha do Brasil, o país possui atualmente 838 Capitães de Cabotagem, dos quais apenas 80) (9,5%) são mulheres. Já entre os Capitães de Longo Curso, de um total de 813 aquaviários, apenas 15 (1,85%) são mulheres. Somando ambas as lideranças na Marinha Mercante, 6% do quadro é composto por mulheres.

Uma das posições de comando máximo entre os Oficiais de Náutica da Seagems hoje é ocupada por Izabel Borges (45). Comandante de um navio de porte elevado como os da companhia brasileira, Izabel faz parte do seleto grupo de mulheres com formação de Capitã de Cabotagem.

Para alcançar essa posição, é necessário concluir o curso superior de Ciências Náuticas, oferecido apenas por duas instituições no Brasil: o CIAGA, no Rio de Janeiro, e o CIABA, em Belém. O processo envolve um concurso formal com avaliação física e intelectual, formação acadêmica de três anos em regime militar, 6 meses ininterruptos de prática em alto mar e pelo menos mais seis anos de experiência profissional registrada para alcançar a hierarquia de comando.

Atualmente, Izabel é responsável por toda a navegação, segurança e gestão de pessoas e ativos da embarcação Esmeralda. Sua trajetória até o posto de Comandante foi marcada por desafios e superação. Natural de Ibiá (MG), cidade com cerca de 22 mil habitantes, ela se formou em Ciência da Computação em Araxá (MG), deslocando-se 70 km diariamente para cursar a faculdade enquanto trabalhava em período integral.

“Trabalhava das 8h às 17h e pegava um ônibus para Araxá todos os dias para estudar. Chegava em casa por volta de meia-noite. Foi um período cansativo, mas nunca pensei em desistir”, relembra Izabel. A profissional conheceu a carreira de oficial de Náutica ao pesquisar concursos públicos e, após ser aprovada, embarcou para Belém (PA) para iniciar sua formação. Seu primeiro embarque durou seis meses e, desde então, nunca mais deixou o mar. Com mais de 20 anos de experiência, Izabel passou por diferentes tipos de embarcação, desde petroleiros até navios de lançamento de dutos para interligação de poços offshore.

Em 2015, recebeu um convite da Seagems para atuar como Oficial de Náutica. Desde então, percorreu toda a frota da empresa e tornou-se uma das maiores referências femininas dentro da companhia. Hoje, ocupa o cargo de Comandante, sendo um exemplo de liderança feminina no setor.

Equidade como compromisso da Seagems

Na Seagems, transformar histórias de equidade de gênero em realidade faz parte da cultura da empresa. Patrícia Soledade, Chefe de Máquinas, é um exemplo dessa transformação. Ela lidera a área responsável por toda a geração de energia, abastecimento de água, luz e manutenção dos dutos e equipamentos da embarcação.

Embora a manutenção de maquinários seja tradicionalmente associada ao público masculino, Patrícia afirma que a Seagems promove um ambiente de trabalho baseado na equidade e no respeito. “A empresa tem políticas claras de paridade salarial e intolerância à discriminação. Ingressei há 10 anos como Engenheira 3, fui promovida sucessivamente e hoje ocupo o cargo de Chefe de Máquinas, uma posição extremamente gratificante pelos desafios e pela equipe colaborativa”, destaca.

A Seagems possui uma Política de Diversidade assinada pelo CEO, Rogerio Salbego, reforçando seu compromisso com um ambiente de trabalho seguro e inclusivo para pessoas de todas as raças, idades, etnias, gêneros, religiões e orientações sexuais. Para a diretora de Recursos Humanos da companhia, Glaucia Maciel, equidade é valor essencial e que deve ser reforçado continuamente.

“Segurança e cooperação são valores essenciais para a Seagems, e só podem ser plenamente aplicados em um ambiente que promova diversidade. A atuação de Izabel Borges e Patrícia Soledade reforça que as mulheres têm muito a contribuir para o setor offshore. Nosso objetivo é que histórias como essas se tornem cada vez mais comuns”, pontua a diretora de RH.

Atualmente, a empresa conta com 28% de mulheres em cargos de liderança e 14% entre os executivos. Desde sua fundação, há 10 anos, a presença feminina cresceu 13%.

Principais iniciativas da Seagems para equidade de gênero

  • Programa de Formação de Praticantes: parceria com a Marinha Mercante desde 2014 para capacitação de novos Oficiais de Náutica e de Máquinas. Desde então, 113 profissionais passaram pelo programa, sendo 40% mulheres.
  • Plano de Sucessão: acompanhamento individualizado do desenvolvimento profissional para garantir promoções equitativas, baseado em critérios técnicos e desempenho.
  • Canal de Denúncias: serviço confidencial e seguro para reportar qualquer conduta antiética ou discriminatória. Disponível 24/7, com suporte especializado.
  • Mulheres na Energia: participação no livro que destaca histórias femininas no setor, com a contribuição da Diretora de RH, Glaucia Maciel, e da Comandante Izabel Borges.
  • Pesquisa de Remuneração: monitoramento anual para garantir equidade salarial e benefícios justos para todos os empregados.
  • Acordo Coletivo: política de remuneração e benefícios igualitária para todos os profissionais da empresa, independente do cargo.


A Seagems segue comprometida com a ampliação da presença feminina no setor offshore, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo e preparando novas gerações de mulheres para cargos estratégicos na indústria

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