Impacto da Alta nos Custos de Frete da China na Importação de Polímeros
A recente alta nos custos de frete da China para a América Latina está causando impactos significativos na importação de polímeros, especialmente no setor de resinas plásticas. Desde o início de abril, transformadores de resinas plásticas latino-americanos têm se deparado com uma forte alta nos valores de fretes da Ásia para as Américas, com preços que saltaram de $1.170/FEU no final de março para mais de $10.000/FEU na última semana de maio. Esse aumento está obrigando os transformadores latino-americanos a buscarem alternativas para manter suas operações.
O aumento dos custos de frete é parte de uma readequação logística após desarranjos em importantes corredores de navegação global, como os canais de Panamá e Suez. No entanto, a principal causa recente é a importação massiva de veículos elétricos 'Made in China'. Fabricantes chineses estão utilizando grande parte dos espaços nas embarcações que fazem a rota Ásia-América do Sul para aproveitar uma janela antes do aumento das alíquotas de importação desses veículos no Brasil. No país, o imposto de importação deve subir em julho para todas as classes de veículos eletrificados, aumentando de 10% para 18% no caso de carros totalmente elétricos, de 12% para 20% para carros híbridos e chegando a 25% nos híbridos sem recarga elétrica.
Frederico Fernandes, especialista em petroquímica da Argus, explica que essa janela de oportunidade explorada por fabricantes chineses sobrecarregou os navios que fazem a rota China-Brasil, tanto para carros embarcados quanto para contêineres cheios de peças de reposição, partes e componentes. "Importadores de outros materiais, como polietileno (PE) e polipropileno (PP), se viram afetados de tal forma que, especialmente no caso do PP, pararam de importar essa resina da China e de outros países asiáticos por conta do aumento expressivo nos custos de frete", diz Fernandes.
Além das resinas plásticas, todas as indústrias que dependem da importação de insumos da Ásia estão sendo afetadas. Os desarranjos logísticos em importantes corredores de navegação também estão elevando os custos de frete e dificultando o fluxo comercial. Os transformadores de resinas plásticas na América Latina estão enfrentando custos elevados. Muitos pararam de importar polipropileno (PP) da China e de outros países asiáticos devido ao aumento dos custos de frete. Como alternativa, estão buscando material do Oriente Médio, dos Estados Unidos ou de produtores regionais como a Braskem no Brasil e Esenttía na Colômbia.
Fernandes acrescenta que os compradores de PP no Brasil e no restante da América do Sul estão suprindo suas necessidades com material proveniente do Oriente Médio, no caso do Brasil, e dos Estados Unidos, para países da costa oeste, ou de produtores regionais como a Braskem no Brasil, Esenttía na Colômbia, Petrocuyo na Argentina, e em menor grau com a Petroquim no Chile.
A previsão para os próximos meses indica que os custos de frete continuarão altos até o fim de setembro, com uma possível redução gradual a partir de outubro. Os desarranjos logísticos e a preferência das companhias marítimas pela passagem pelo Cabo da Boa Esperança são fatores que devem continuar impactando os fretes. Dados coletados pela Argus na região mostram que os fretes da Ásia para a costa leste da América do Sul estavam, em média, entre $6.800-8.000/t no dia 31 de maio.
A alta nos custos de frete está forçando transformadores de resinas plásticas na América Latina a adaptarem suas estratégias de importação. A busca por novas fontes de suprimento e a adaptação às condições de mercado são cruciais para manter a competitividade diante dos desafios logísticos globais.
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