Corte no plano de negócios da Petrobrás desagrada mercado financeiro
Analistas consideraram pouco críveis os ajustes anunciados pela companhia e estranharam a relação entre o corte dos investimentos e as projeções de produção. A manutenção da meta de venda de ativos em US$ 14,4 bilhões para 2016, também foi questionada
O mercado financeiro não gostou da revisão incompleta do plano de negócios divulgado pela Petrobrás. Analistas consideraram pouco críveis os ajustes anunciados pela companhia e estranharam a relação entre o corte dos investimentos e as projeções de produção. Além disso, a manutenção da meta de venda de ativos em US$ 14,4 bilhões para 2016, também foi questionada. Na avaliação do mercado, o esforço de venda de ativos da petroleira deveria ser maior, dada a piora do cenário, levando em conta a queda nas ações e o fechamento das ON cotadas a em R$ 6,97 (queda de 8,04%), e as PN caíram 8,21%, valendo R$ 5,59.
A estatal anunciou corte de US$ 32 bilhões nos investimentos previstos até 2019, de US$ 130,3 bilhões para US$ 98,4 bilhões, sem fornecer maiores detalhes sobre projetos mantidos ou postergados. Não houve novidade no número do investimento em 2015, de US$ 23 bilhões. Já para 2016, há aumento de US$ 1 bilhão, significando que os maiores cortes virão dos investimentos desembolsados em três anos a partir de 2017.
O Credit Suisse projeta preço-alvo de US$ 2,00 para os recibos de ações (ADR, na sigla em inglês) da Petrobras, com recomendação de venda dos papéis. Ontem a ADR fechou a US$ 3,49. Para banco, o preço atual das ações sinaliza que seria necessária uma combinação "improvável" de eventos futuros, incluindo a recuperação dos preços do petróleo, para que a companhia alcance o preço justo para os papéis. No amplo relatório, intitulado de "Você pode ajudar, sr. Brent?", Andre Natal, especialista de petróleo e gás natural do Credit Suisse, elenca um conjunto de eventos pouco prováveis que precisam ocorrer, quase que simultaneamente, para que as ações da petroleira se recuperem.
O documento elenca cinco primeiros eventos sendo um deles é a execução da venda de ativos em US$ 43 bilhões e a redução de custos operacionais de US$ 12 bilhões. Além disso, os preços do Brent teriam que mais que dobrar e alcançarem US$ 80 o barril em 2020; e os preços dos combustíveis ficarem 10% acima do valor internacional, mesmo com a perda de mercado doméstico pela Petrobras. Entre outros pontos relevantes, o Credit Suisse lista como pré-requisito a não-realização de nenhum novo projeto e nenhum novo dreno de caixa decorrente da "Lava-Jato" ou de disputas fiscais, por exemplo.
Entre os poucos detalhes fornecidos pela Petrobras, ontem, está a previsão de otimizar o portfólio de projetos, o que contribuirá com um corte de US$ 21,2 bilhões na previsão de investimentos. Outra parte, US$ 10,7 bilhões, se deve ao efeito cambial adverso. Entre as críticas ao plano está a cotação de US$ 45 para o Brent em 2016, contrariando previsões de queda.
A previsão de produção que embasa o planejamento da Petrobras prevê um corte 40 mil barris/dia em 2016, em relação à meta anterior, apesar do investimento aumentar. Já no longo prazo, a Petrobras pretende fechar 2020 produzindo 2,7 milhões de barris/dia, um corte de 100 mil barris/dia em relação ao planejamento anterior.
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